O
Amigo da Onça é um personagem criado por
Péricles de Andrade Maranhão (
14 de agosto de
1924 -
31 de dezembro de
1961) e publicado pela primeira vez na revista
O Cruzeiro em
23 de outubro de
1943.
Satírico, irônico e crítico de costumes, o Amigo da Onça aparece em diversas ocasiões desmascarando seus interlocutores ou colocando-os nas mais embaraçosas situações
A CRIAÇÃO
O famoso personagem foi criado pelo cartunista pernambucano Péricles de Andrade Maranhão, em 1943, e publicado de 23 de outubro de 1943 a 3 de fevereiro de 1962. Os diretores da revista O Cruzeiro queriam criar um personagem fixo e já tinham até o nome, adaptado de uma famosa anedota.
Dois caçadores conversam em seu acampamento:
- O que você faria se estivesse agora na selva e uma onça aparecesse na sua frente?
- Ora, dava um tiro nela.
- Mas se você não tivesse nenhuma arma de fogo?
- Bom, então eu matava ela com meu facão.
- E se você estivesse sem o facão?
- Apanhava um pedaço de pau.
- E se não tivesse nenhum pedaço de pau?
- Subiria na árvore mais próxima!
- E se não tivesse nenhuma árvore?
- Sairia correndo.
- E se você estivesse paralisado pelo medo?
Então, o outro, já irritado, retruca:
- Mas, afinal, você é meu amigo ou amigo da onça? (WIKIPÉDIA)
EXPRESSÕES POPULARES
A piada é da velha guarda - mas não tão antiga assim - e certamente há de ser lembrada por muita gente. Diz ela que o caçador mentiroso descrevia para um grupo de amigos as situações perigosas com que se defrontara ao longo de sua carreira de matador de bichos.
Em uma dessas passagens ele fora acuado por uma onça faminta quando não dispunha de nenhuma arma para se defender, e muito menos de um caminho por onde pudesse escapulir, e por isso o recurso que usou foi o de dar um berro tão forte, mas tão forte, que a fera assustou-se com o barulho, pulou para trás e fugiu apavorada. Um dos presentes não se conteve, deu uma risadinha de mofa e comentou que aquela história era difícil de ser engolida, mas o caçador não perdeu a ponta da meada, ficou aparentemente indignado e retrucou com cara séria: “Afinal de contas, você é meu amigo ou amigo da onça?”.
Foi essa anedota - ou outra a ela assemelhada - que inspirou o cartunista Péricles de Andrade Maranhão (Recife, 14.08.1924 - Rio de Janeiro, 31.12.1961) na criação do Amigo da Onça, cuja lembrança se mantém viva até hoje. Péricles fez grande sucesso nos anos 40 e 50. Mudando--se para o Rio de Janeiro em 1942, começou sua carreira nos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, com "As aventuras de Oliveira Trapalhão”, apresentadas na revista Cigarra. Em outubro de 1943 a revista O Cruzeiro iniciou a publicação das histórias do Amigo da Onça, que se transformaria em um dos personagens mais populares do país.
Dono de personalidade atormentada, o sucesso conquistado fez com que ele passasse a odiar sua criação, pois era sempre citado como "O criador do Amigo da Onça". Apesar de obscurecido pela criatura, Péricles continuou ilustrando suas histórias semanalmente, por 17 anos ininterruptos, até suicidar-se na noite de 31 de dezembro de 1961, em seu apartamento no Rio de Janeiro, abrindo o gás. Antes do ato extremo ele fixou na porta um cartaz onde escrevera: "não risquem fósforos". Sobre o falecido, assim se manifestou o poeta Carlos Drummond de Andrade: "A solidão do caricaturista seria talvez reação contra a personagem, que o perseguia, que lhe era necessária e que lhe travara os meios de comunicar-se e comungar com outros seres".
A revista O Cruzeiro surgiu no final dos anos 20, tendo sua primeira publicação em 10 de novembro de 1928. Patrocinada pelos Diários Associados de Assis Chateaubriand, O Cruzeiro é considerada a principal revista ilustrada brasileira do século XX, sendo responsável por toda uma reformulação técnica e estética no meio jornalístico. Foi tremendamente importante na introdução de novos meios gráficos e visuais na imprensa brasileira, citando entre suas inovações o foto-jornalismo e a inauguração das duplas constituídas por repórter e fotógrafo, sendo a mais famosa delas a formada por David Nasser e Jean Manzon que nos anos 40 e 50 fizeram reportagens de grande repercussão. Cobrindo o suicídio de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, a revista atingiu a impressionante tiragem de 720.000 exemplares - até então, o máximo alcançado fora a marca dos 80.000 (fonte: Wikipédia).
Nos anos 60 O Cruzeiro entrou em declínio com o desuso de suas fórmulas e o surgimento de novas publicações como Manchete e Fatos & Fotos. O fim da revista deu-se em julho de 1975, com a consagração definitiva do instantâneo meio televisivo, o que acarretou o fim do império dos Diários Associados, de Chateaubriand.
Mas a passagem do tempo não ofuscou a lembrança do personagem de Péricles, pois ele se manteve vivo na memória popular. Tanto que continua sendo lembrado até hoje para denunciar aquele indivíduo que se dizendo amigo, não passa, na verdade, de um sujeito falso e hipócrita, do qual é sempre conveniente guardar-se uma distância conveniente. (FERNANDO KITZINGER DANNEMANN)
Nenhum comentário:
Postar um comentário